10/06/2016

Irmão André - Conheça o Contrabandista de Deus




Capítulo 1 – Em busca de uma aventura
André parte em busca de grandes emoções e se alista no Exército holandês durante a 2ª Guerra Mundial

Os desafios continuam e a igreja do Senhor continua sendo perseguida em muitos lugares e é nosso papel nos envolvermos e ajudarmos.
Emoção é o que não falta neste relato recheado de fé, coragem, confiança em Deus e amor pela Igreja Perseguida. Uma história que também pode ser a sua, a minha...
"Desde a primeira vez em que calcei tamancos de madeira - nós os chamamos klompen, na Holanda - eu sonhava com feitos heróicos. Imaginava que era espião em serviço na retaguarda do inimigo; que rastejava por debaixo de arame farpado, enquanto projéteis luminosos ardiam no ar, perto de mim.
Nós, garotos holandeses, utilizávamos os tamancos para lutar. Eu era rápido, gostava de correr mas o tempo corria mais depressa do que eu...
'Está na hora de você escolher uma profissão, André' avisou meu pai, 'no próximo outono eu quero saber a sua decisão'. Debaixo dos suspiros de minha mãe, respondi meses depois: 'Vou ingressar no exército'.
'Então, você vai em busca de aventuras?' Perguntou-me um vizinho. 'Vou orar por você, André. Vou orar para que a aventura que você encontrar o satisfaça.' Olhei para ele admirado. O que ele queria dizer com 'aventura que satisfaça'? pensei, enquanto olhava para os campos planos que se estendiam a perder de vista em todas as direções.
Sei que nos dois anos seguintes, tornei-me famoso entre as tropas holandesas na Indonésia, por minhas loucas bravatas no campo de batalha. Quando lutávamos, lutávamos como doidos. Quando bebíamos, bebíamos até perder os sentidos. Quando eu acordava, depois daquelas festas, ficava imaginando por que estaria agindo daquela maneira, mas a pergunta sempre ficava sem resposta.
E então, certa manhã, uma bala atingiu o meu tornozelo, e para mim a guerra acabou. Aconteceu tão repentinamente e, a princípio, foi tão indolor, que eu não sabia o que havia acontecido. Havíamos todos caído em uma emboscada. O inimigo atacava de três lados, com uma força muitas vezes superior à nossa, e quando estava correndo, de repente caí. Eu sabia que não havia tropeçado, mas não podia me levantar.
Horas depois, fui levado para a mesa de operação em um hospital de campanha. Eles levaram duas horas e meia para costurar meu pé. Ouvi os médicos discutindo se deviam amputar ou não. Minha grande aventura fracassara. E o que era pior, eu estava com vinte anos, e descobrira que não havia nenhuma aventura verdadeira em parte alguma do mundo.
Então, em meio à manhã em setembro de 1949, estávamos sentados na cama, lendo e escrevendo cartas depois dos exercícios matutinos, quando a enfermeira entrou no quarto do hospital: 'quero convidar vocês todos para participarem da reunião que teremos hoje à noite na tenda'. Era um culto.
Ainda ecoa dentro de minha cabeça: 'Deixa o meu povo ir... deixa-me ir...' parece ser bobagem dizer que um simples hino que eu apenas ouvira naquela noite e nem chegara a cantar poderia tornar-se uma oração, e que Deus poderia atendê-la. Nada no mundo me interessava, exceto a incrível viagem de descobrimentos em que eu estava empenhado. 'Amigos', disse o pastor, 'esta noite, sinto que uma coisa muito especial vai acontecer nesta reunião. Há alguém no meio do auditório que deseja se entregar para o trabalho missionário'.
Será que eu pretendia mesmo ser missionário ou aquilo era apenas um sonho romântico? Eu ouvira Sidney Wilson falar muitas vezes de 'oração insistente'. Com isso ele queria dizer orar até receber a resposta. Bem, eu iria tentar...
Orei durante toda aquela hora, e continuei durante o resto da tarde. Escureceu, e eu ainda não chegara ao ponto de ter a certeza de que descobrira o plano de Deus para minha vida. 'O que é, Senhor? O que é que estou retendo? Qual a desculpa que estou dando para não te servir em qualquer coisa que queira que eu faça?'
E então, ali, finalmente encontrei a resposta. O meu 'sim' para Deus sempre fora um 'sim, mas...' Sim, mas não tenho cultura. Sim, mas sou aleijado.
Com todo o coração, eu disse 'Sim'. Pronunciei-o de forma completamente diferente, sem restrições.
'Eu irei, Senhor', disse eu, 'não importa como. Quando quiseres, aonde quiseres, como quiseres, eu irei. E começarei neste momento. Senhor, quando eu me levantar deste lugar, quando eu der o primeiro passo, considere que é um passo em direção à completa obediência a Ti'.
De volta ao lar, já não podendo servir ao exército, não conseguia parar de pensar na decisão que tomara. Dentro de mim, uma pequena voz parecia dizer: 'Vá!' Era a voz que havia me chamado no vento, a voz que nunca fazia sentido em termos de lógica. Era a voz do Espírito Santo de Deus!
Até que certa manhã, apertei a mão de papai, e corri para a estrada, para pegar o ônibus e começar a primeira parte de uma viagem que continua até hoje."

Capítulo 2 – Uma pequena oração

Um pedido de casamento, uma cura física e um desafio. Quem imaginava que uma pequena oração de entrega causaria tantas mudanças?

"'Senhor, se tu me mostrares o caminho, eu te seguirei. Amém.' Foi simples assim. Mas recuei outra vez. Parecia-me que havia muitos pontos contra mim. Eu não tinha estudado muito e, embora eu escondesse o fato, tinha um tornozelo aleijado. Como poderia ser missionário, se nem ao menos conseguia andar um quarteirão sem sentir dor?

E difícil foi contar à garota com quem pretendia me casar, que eu repentinamente decidi ser missionário. Que espécie de vida seria a que eu ofereceria a ela? Trabalho árduo, salário baixo e talvez desagradáveis condições de vida em algum lugar distante. 

A princípio Thile ficou emocionada com as coisas que estavam acontecendo comigo, mas à medida que as semanas se transformaram em meses, ela começou a ficar alarmada. 'Você não precisa ficar tão animado, André', disse ela. 'Você não acha que deve diminuir o ritmo um pouco? Leia alguns livros diferentes. Vá ao cinema de vez em quando'.

Não me incomodei. Nada no mundo me interessava, exceto a incrível viagem de descobrimentos em que eu estava empenhado. De tempos em tempos, também, Thile perguntava se eu havia encontrado um emprego. Este era um problema mais sério. Naturalmente, enquanto eu não tivesse emprego, não poderia sugerir a ela o sonho que eu tivera havia muito tempo, para nós dois. Bem, eu iria tentar. 

E algum tempo depois, após uma oração fervorosa, abrindo o meu coração com Deus, senti uma torcedura violenta na perna aleijada. Pensei aterrorizado que destroncara o tornozelo. Com cuidado, firmei o pé no chão. Vi que podia apoiar-me nele perfeitamente. Eu estava andando perfeitamente, estava curado! O que havia acontecido? Devagar, comecei a andar, e enquanto eu andava, um versículo da escritura começou a vir à minha mente: 'Indo eles, foram purificados'.

E Deus me curou, me supriu. Ele nunca falhou. Lembrei-me emocionado de quando retornei à minha casa ao deixar o exército... 'O cemitério estava banhado por um luar intenso, de lua cheia, e foi fácil encontrar o túmulo. Assentei-me no chão e disse as últimas palavras à minha mãe. 'Voltei, mamãe'. Parecia natural conversar com ela. 'Eu não li a Bíblia, mamãe. A princípio não, mas li depois'. Houve um longo silêncio. 'Mamãe, o que é que vou fazer agora? Eu não posso andar cem metros sem que a dor me faça parar. Sinto-me tão inútil, mamãe. E culpado. Culpado pelo tipo de vida que levei durante a guerra. Responda-me, mamãe.' Porém não houve resposta nenhuma.

Mas, agora, eu estava milagrosamente curado! Recordei-me também de que, um tempo depois disso uma coisa ainda mais esquisita aconteceu. Durante um período de descanso, eu estava folheando as revistas que nos eram dadas, quando, de repente, minha mão agarrou a Bíblia que eu conservava no criado-mudo, como recordação da minha mãe. Eu não a lera desde que voltara para a Holanda. Mas naquela tarde, repentinamente, comecei a ler, e para minha admiração, eu a compreendi. Todas as passagens que haviam parecido tão confusas, quando eu lutara com elas anteriormente, surgiam de repente como uma história de ação em ritmo trepidante. Deus estava trabalhando em cada detalhe...

...Primavera de 1955. Meus dois anos no colégio de Treinamento Missionário estavam quase terminando, e eu estava ansioso para começar o ministério. E então certa manhã, calmamente e sem estardalhaço - como na maioria das vezes é a operação de Deus - peguei uma revista e a minha vida, desde então, nunca mais foi a mesma. Como ela chegou ali, jamais ficarei sabendo. 

Peguei-a, e comecei a folheá-la. Era uma bela revista, com belas fotos. Muitas delas mostravam multidões de jovens desfilando pelas ruas de Pequim, Varsóvia e Praga. O texto, em inglês, me informava que aquelas pessoas faziam parte de uma organização mundial com noventa e seis milhões de membros. Em parte alguma a palavra 'comunista' era usada, e a palavra 'socialista' só aparecia ocasionalmente. O tema principal era um mundo melhor, um futuro brilhante. E então, no final, aparecia o anúncio de um festival da juventude que deveria ser realizado em Varsóvia, no mês de julho. Todos eram convidados.

Todos? Em vez de jogar a revista fora, naquela noite, sem ter ideia de onde aquilo me levaria, escrevi algumas linhas para o endereço de Varsóvia mencionado na revista. Disse-lhes francamente que estava estudando para ser um missionário evangélico, e que estava interessado em ir ao festival da juventude para trocar ideias: eu falaria a respeito de Cristo, e eles poderiam falar sobre o socialismo. Será que eles concordariam que eu fosse naquelas circunstâncias?"

Capítulo 3 – A Cortina de Ferro

André visita a igreja na Polônia e descobre que a Cortina de Ferro é, na verdade, uma cortina de lágrimas

"O trem para Varsóvia saía de Amsterdã em 15 de julho de 1955. Fiquei admirado com o grande número de estudantes que fora atraído pelo festival. Centenas de moços e moças aglomeravam-se na estação. Pela primeira vez, comecei a crer nos números exagerados que lera na revista. Sentia-me muito sozinho. Eu não conhecia uma só pessoa em toda a Polônia e não sabia uma palavra sequer do idioma. De todos os quadrantes do mundo, milhares e milhares de jovens estavam convergindo para Varsóvia, com propósitos exatamente opostos aos meus. 

Os jornais da Holanda publicaram tantas notícias a respeito da prisão dos líderes eclesiásticos da igreja polonesa e do fechamento de seminários, que eu tinha a impressão de que religião na Polônia era uma atividade clandestina.

Aparentemente, a livraria evangélica que eu visitara estava funcionando, apesar de não ter Bíblias. Eu passara por igrejas católicas cujas portas estavam bem abertas. Será que havia igrejas protestantes também funcionando? Resolvi verificar por mim mesmo.
De táxi, dez minutos depois, eu estava assistindo a um culto numa Igreja Reformada, atrás da 'Cortina de Ferro'. Fiquei surpreso com o tamanho da congregação; a igreja se encontrava com cerca de 3/4 dos bancos cheios. Fiquei surpreso, também, com o número de jovens. O cântico dos hinos era entusiástico, o sermão aparentemente centralizado nas escrituras. Depois que a maior parte da congregação havia saído, o pastor e alguns jovens dispuseram-se a conversar comigo. Sim, eles cultuavam abertamente, e com considerável liberdade, enquanto se mantivessem longe dos assuntos políticos. Sim, havia membros da igreja que também eram membros do Partido Comunista. 'Bem, o regime faz tanto pelo povo, que a gente apenas fecha os olhos quanto ao resto', disse o pastor, encolhendo os ombros, 'mas o que é que a gente pode fazer?' 

Naquela mesma noite, fui conhecer outra igreja que me indicaram. O culto já começara quando cheguei. O número de pessoas era menor. O povo já não era tão bem vestido quanto o outro, e quase não havia jovens. Mas aconteceu uma coisa interessante. Haviam dado ao pastor a notícia de que havia um estrangeiro na congregação, e imediatamente fui convidado a falar-lhes. Fiquei alarmado. Será que eles tinham tanta liberdade assim? E ali estava eu, um crente do outro lado do mundo, pregando o evangelho em um país comunista.

Ao fim de minha curta pregação, o pastor falou a coisa mais interessante que eu poderia ter ouvido: 'Queremos agradecer-lhe por estar aqui. Mesmo que você não tivesse falado nem uma palavra, só o fato de vê-lo já teria significado muito. Algumas vezes sentimos como se estivéssemos sozinhos em nossa luta.'

Naquela noite, fiquei pensando em como aquelas duas igrejas eram diferentes. Uma, aparentemente, estava seguindo a rota da cooperação com o governo: atraía grandes multidões, era aceitável para os jovens. A outra, eu sentia, estava seguindo por um caminho solitário. Eu estava aprendendo tantas coisas e tão depressa, que era difícil assimilar tudo. Algo me dizia que nem tudo era como parecia ser.
Eu tinha um objetivo especial, queria orar por cada pessoa que eu encontrasse durante aquela viagem. A manhã seguinte seria a última que passaria em Varsóvia. Enquanto estava ali sentado e orando, ouvi uma música. Ela vinha pela avenida. Marcial, forte, com o som de vozes cantando.
Ali vinham os jovens socialistas marchando. Nem por um momento eu podia crer que eles fossem coagidos. Marchavam porque criam. O que é que eu, do Ocidente, poderia fazer a respeito deles, daqueles milhares de jovens que passavam marchando à minha frente? 

Coloquei a mão sobre minha Bíblia, e vi que estava olhando para o livro de Apocalipse. Meus dedos descansavam sobre a página, quase como se estivessem indicando uma passagem: Apocalipse 3.2. 'Esteja atento!', dizia o versículo que estava sob a ponta do meu dedo, 'fortaleça o que resta e que estava para morrer...' 

Repentinamente, compreendi que eu estava vendo as palavras através de uma cortina de lágrimas. Será que Deus as estava falando para mim naquela hora, dizendo que a obra da minha vida seria ali, atrás da 'Cortina de Ferro', onde o remanescente da sua igreja estava lutando para sobreviver? Será que eu teria uma participação no fortalecimento daquele precioso resto?"

Capítulo 4 – A confirmação do chamado

O ministério de serviço à Igreja Perseguida dá seus primeiros passos
"Talvez você se pergunte, se uma igreja pode morrer. Infelizmente, ela pode extinguir-se em alguns lugares. A comunhão é um ingrediente essencial para o crescimento da igreja.

Constantemente eu me recordava das palavras do pastor: 'Queremos agradecer-lhe por estar aqui. Mesmo que você não tivesse falado nem uma só palavra, só o fato de vê-lo já teria significado muito. Algumas vezes nos sentimos como se estivéssemos sozinhos em nossa luta'.

Eu nem conseguiria pregar um bom sermão, mas eu podia estar lá. E se estar lá era mais importante, eu decidi que a minha vida seria constituída de estar presente.

Mas, o que poderia fazer eu, uma pessoa só, sem fundos, sem patrocínio de alguma organização, contra uma força aparentemente invencível que parecia um gigante diante de mim? Como eu faria para consolidar qualquer coisa? Só Deus poderia fazer isso!

Voltei para casa, mas antes fui à Amsterdã visitar os Whetstra (um casal de irmãos que intercedia por mim e sempre me dava bons conselhos). Durante toda uma tarde contei-lhes como fora minha viagem e lhes falei, também, a respeito do versículo bíblico que
me fora dado de forma tão estranha. Sobre como eu teria forças para fortalecer alguém.

'E você não sabe que é exatamente quando estamos mais fracos que Deus pode nos usar melhor? Não é você, mas o Espírito Santo quem tem planos para o povo que vive detrás da Cortina de Ferro', disse-me a Sra. Whetstra com uma convicção contagiante que me encheu de paz.

Não passara nem uma semana desde o meu retorno para casa, quando os convites para falar sobre a viagem começaram a chegar e eu aceitei todos... todos queriam saber como era a vida atrás da 'Cortina de Ferro'.

'Você precisa viajar mais', disse-me uma jovem líder da delegação holandesa em Varsóvia. 'Você ainda não viu o suficiente, precisa conhecer mais da necessidade desses líderes, para falar mais. Estou encarregada de escolher 15 pessoas da Holanda para ir à Tchecoslováquia, você quer ir?'

Retive a respiração. Seria a mão de Deus? Seria aquela a porta que se abriria no seu segundo plano para mim? Decidi colocar a questão mais uma vez diante dEle, pois novamente eu não tinha recursos financeiros para ir.
'Se queres que eu vá, Senhor, tu precisarás suprir os meios' orei de forma relâmpago. Respondi a ela que sentia muito, mas, eu não tinha possibilidades de fazer uma viagem dessas. Ela ficou me olhando e então me disse: 'para você não haverá despesas'.

Assim começou a minha segunda viagem. Quatro semanas depois eu encontrei a resposta que buscava: Os cristãos tchecos precisavam de ajuda! Pois não havia Bíblias nem hinários e o governo praticamente exercia controle total sobre a igreja. Ser cristão era antipatriótico. Os cristãos eram demitidos de seus empregos, e sofriam humilhação. Não se podia usar a palavra 'pregar'. 'A gente precisa ser cuidadoso com as palavras, você pode nos trazer 'saudações' do Senhor', disse-me Antonin, um jovem estudante de medicina que se tornou meu intérprete. Então, primeiro eu trouxe saudações da Holanda, depois do Ocidente e finalmente 'saudações de Jesus Cristo' à congregação.

Cada visita que fiz ali foi memorável, mas a última antes de voltar à Holanda foi inesquecível, pois, foi nela que recebi o cálice do sofrimento. 'Bem, quero lhe dizer oficialmente, senhor, que não é mais bem-vindo aqui. Se tentar entrar neste país outra vez, vai descobrir isso por si mesmo.' Disse-me um homem sinistro ao sair de um carro do governo que havia me seguido.

Lembrei-me do distintivo de lapela que recebi de Antonin: 'Quando as pessoas perguntarem o que é isso, conte-lhes a nosso respeito, e faça-os lembrar de que somos parte do corpo e que estamos sofrendo dores; este é o símbolo da igreja da Thecoslováquia, significa o cálice do sofrimento.'

Se um membro sofre, todos sofrem com ele... pensei citando I Coríntios. O cálice do sofrimento era o símbolo de uma realidade da qual eu precisava participar. E agora, o que eu faria?"

Capítulo 5 – De volta para casa

Um artigo publicado dá destaque ao ministério do Irmãos André, e as primeiras ofertas começam a chegar

De volta para casa
"Era difícil voltar para casa depois do que eu via, ouvia e vivia em minhas viagens à Cortina de Ferro. Marcava-me o fato de os cristãos não terem acesso à Bíblia. Na minha segunda viagem, ao visitar uma igreja em Praga, observei que os cristãos traziam consigo cadernos. Eles copiavam o texto bíblico e os hinos, assim compartilhavam com outros que não tinham esse privilégio.
Constantemente me recordava das palavras do pastor dessa congregação: 'Algumas vezes nos sentimos como se estivéssemos sozinhos em nossa luta'. Eu queria estar ali, sendo um com eles!
Uma carta inesperada
Porém, os meses que se seguiram pareciam ser de pura frustração. Voltar à Cortina de Ferro era extremamente difícil e burocrático.
Dinheiro era um problema. Sentado, sozinho, com a carteira vazia diante de mim, ouvi novamente a voz de Deus: 'Escreva os artigos de suas experiências para a revista Kracht Van Omhoog'.

Fiquei perplexo com a ordem – eu não era um escritor. A revista havia me convidado para escrever para eles, e se propuseram a me pagar alguma quantia por isso, mas eu não respondera ao convite.

Aquela ordem divina, porém, voltava com insistência. Então, em obediência, escrevi e enviei os artigos pelo correio juntamente com algumas fotografias. O editor agradeceu, mas não me enviou dinheiro. Resolvi esquecer o assunto.

Então, certa manhã, chegou uma carta da revista. Ao lerem meus artigos, os leitores começaram a enviar dinheiro, valores pequenos, à editora, e o editor queria saber como me entregaria tal quantia. Assim começou uma extraordinária história de sustento. Na medida que as necessidades aumentavam, as contribuições aumentavam também.

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